Catarse

Oscilo do ódio ao amor,  da paixão a dor num segundo Eu sou intenso do primeiro raio do dia ao último  Eu fervo e falo mesmo com essa sua cara de puto  Eu xingo, grito e retruco  Eu choro, eu reclamo, eu surto Eu não ligo para os seus múrmuros Eu não fico em cima do muro Nem você, porque eu te empurro Eu te levanto e eu mesmo derrubo Eu sou seu anjo caindo em queda livre no mundo  de bermuda, camisa aberta e óculos escuros  mas é na ponta da sua caneta  que eu me garanto, que eu me seguro Não sou santo, nem anjo não sou o íncubos, nem súcubos  Não sou branco, não sou negro Não sou índigo, não sou cinza Muito prazer, eu sou Rubro.

Não entende o que eu quero  Não entende uma palavra minha  Não entendo quando eu quero  Não entende as minhas poesias  Não entende quando eu quero a sua atenção Não entende quando eu quero ouvir sua voz Não entende quando eu quero só uma razão  Não entende quando eu preciso de nós  Não entende quando eu te quero perto Não entende que eu quero que me procure às vezes  Não entende quando o papo é reto  Não entende quando eu prefiro que me deixe  Não entende o meu espaço  Não entende o que eu penso  Não entende quando preciso de um abraço  Não entende o meu silêncio Não entende porque não se importa  Não entende porque não liga  Não entende porque não se esforça  Não entende porque não precisa Inspirado em Você não entende nada - Caetano Veloso

Você tá na minha boca quando os dentes se arrastam, entre os meus lábios, sobre a minha língua, no meu gosto, na saliva, no rastro, no calor do meu rosto, na pele, no tato, no arrepio do corpo, na mente, no ato, na ânsia do gozo Você tá aqui, agora, o dia todo. ...

  As madrugadas de frio, as noites de sexta, os vinhos que eu nunca mais tomei, o sol da tarde na janela, as conversar intermináveis,  o tapete eu já até troquei, Aquela do Caetano quando tocou  e sem querer eu me lembrei, da rede balançando levando e trazendo seu cheiro doce,  entre os dedos um avião de papel, rindo à toa, olhando o céu, dissecando um hiperfoco seu, falando de alguém  apaixonada, fingindo não se impressionar com ninguém  esperando o pós sexo pra matar a sua carência de ter alguém... Me peguei lembrando do que eu jamais esquecerei.  

  O canto dos pássaros se misturam com os sons da cidade acordando, e a gente nem dormiu Olhos fechados, corpo esfriando, voz rouca,  poucas palavras, poucas roupas  sussurrando qualquer coisa, só pra estar ali. Sem vontade de ir, queria outra vez, não quero dormir, mas se eu dormir eu posso sonhar de qualquer forma eu vou te procurar, na mente, no corpo, nos escuro do banheiro,  na água quente do chuveiro, e sei lá... Já dizia a poetiza '' Tem gente que é o seu amanhecer''  Sempre que quiser seja o meu, sempre que quiser me deixa ser o seu.

Corpo quente, coração frio Sexo sem sentimento tumultuado o vazio Sem sentido, sem vergonha, sem brio Feito chuva em pleno janeiro no Rio  Animal feito bicho com fome Racional, como o desejo é do homem O pensamento alimenta a vontade  Inflama o tesão, feito gato no cio Que sem aviso vem e depois vai  Tão só, tão rápido, tão vil Tão preciso, tão fugaz Tão banal quanto um cobertor numa tarde de frio